Estudando cada fragmento

Falar de origem parece até que é relembrar algo do passado, mas temos compreendido que os fatos podem ter reviravoltas constantes com as descobertas ao longo do percurso.

E é assim que temos vivido diariamente nossas conquistas. Cada item estudado pode nos trazer uma série de novos pontos que pareciam estar sacramentados nas antigas teorias. Mesmo os materiais que coletamos, por mais autênticos que sejam, quase sempre nos revelam fragmentos para uma nova hipótese e desta forma vamos formando um quebra cabeça intenso.

Então diríamos que para conhecer e principalmente viver mais a fundo nossa história, é preciso estar sintonizado com tudo que é publicado aqui, analisando os artigos, confrontando documentos e finalmente tirando conclusão própria à respeito do que viu e do que sentiu.

Enriquecendo o acervo

No entanto, é possível proporcionar uma visão bem resumida do que já foi vivido. Nesses mais de trinta anos de pesquisa, sempre, obviamente, como se tem frisado, segundo aquilo que os registros que temos garimpado, nos informam.

O exemplar mais antigo de nosso acervo, É um registro de matrimônio de Domenica Zamarian, filha de Giovanni Maria e Giulia, até o momento enquadrados como segunda geração de nossa pesquisa, com Valentino Pasadore (ou Passador). O documento redigido em latim data de 4 de fevereiro de 1743 elaborado pela paróquia de San Martino Vescovo da cidade de Precenicco, que na época pertencia a Diocese de Gorizia.

Outras duas grandes conquistas de nossa pesquisa são os registros de óbitos do casal Giovanni Maria Zamarian e Giulia (infelizmente no registro não apontaram o sobrenome dela) de 1763 e 1766, comprovadamente pais de Domenica citada acima.

Marcas históricas que nos permite partir como base, já que apontam informações cruciais ajudando a determinar um ponto de partida e um norte como base para a conexão das ramificações mais recentes já formadas.

Mergulhando na cronologia

A descoberta de Orsola Zamarian, que segue na mesma geração vivida por Giovanni Maria, portanto pode até mesmo se tratar de uma irmã mais velha do mesmo, nos faz mergulhar no século XVII. Os dois apontam para o vilarejo de Malafesta como origem e cronologicamente abriria a lacuna de base para 1680 aproximadamente, o que hoje determina a primeira geração de nossos estudos, mesmo se ainda indefinidos por não haverem uma identificação válida a título de documentação, no entanto assegura esse novo ponto de início temporal.

Nossa expectativa fica agora por conta das respostas da Diocese de Pordenone, detentora dos registros da igreja que incorporam a região de Malafesta. A revelação da gênese de Giovanni Maria, de Orsola e de tantos outros que poderão vir também, determinará uma definição da gênese inicial Zamarian no Vêneto italiano ou poderá ainda nos fazer avançar para o Século XVI, além de claro, resolucionar conexões provisórias dentro do nosso gráfico.

Paralelamente aos documentos da igreja, outros mais de mil e quinhentos registros civis disponibilizados na web, vem sendo estudados minuciosamente. Esses registros nos ajudaram massivamente na formação do gráfico que hoje temos e que vem sendo gradativamente disponibilizados neste Portal por gerações, em conjunto com os respectivos documentos transliterados. São através deles que dados importantes são revelados constantemente, auxiliando a desenvolver de maneira precisa a genealogia Zamarian.

Unificando as ramificações

Extra-oficialmente, de maneira verbal, já havíamos alguma informação, quando Osvaldo Zamarian, um dos dois personagens mais importantes da gênese familiar do Brasil (o outro é Pietro Zamarian), em suas várias conversas com o neto Paulo, citara o nome Malafesta. E mais tarde, em 1996, o bisneto Antonio Carlos constatou pessoalmente, em sua visita a Itália, na própria residência de Osvaldo, oitenta e dois anos após a família ter deixado o local.

O que estava difícil afirmar é que todos, pelo menos os gerados na Itália, provinham de uma só origem genealógica, portanto mesmo local Malafesta. Isso era o que mais questionava aqueles que possuíam o sobrenome, mas não podiam afirmar uma relação parental. Hoje sabemos que todos os Zamarian provindos da Itália possui uma única origem.

Uma polêmica muito grande também nessa questão de origem é o antes Malafesta. Pelo afunilamento que vem fazendo as pesquisas, ao avançarmos séculos adentro, é possível sentir que o número de componentes vem reduzindo gradativamente, o que nos faz crer estarmos muito próximo do casal gerador da família dentro da Itália. Isso afastaria a tese de que o sobrenome teria sido gerado também dentro da península e pelas suas características toponímicas aponta de maneira muito forte para a Armênia, já que a identificação de um oriundo “haiastan” é o sufixo IAN nos respectivos sobrenomes de seus cidadãos. Sabemos também que Venezia teve forte influência dos bizantinos, através do comércio que perdurou por vários séculos, sobretudo na cidade de Constantinopla.

Ampliando fronteiras

Cavalheiros teutônicos, jesuítas e outros fatos apurados, como já publicado em um artigo da nossa área Editorial entitulado Precenicco, cita a presença armênia correlacionada a história da região. Pra sacramentar essa teoria, recentemente encontramos registros de entrada de Zamarian nos Estados Unidos da America, provenientes de Constantinopla em 1920 e a citação de um componente em um site governamental armênio.

Em uma outra vertente um pouco mais questionável dentro desta polêmica, apurada pelo historiador da cidade de Precenicco Edi Pozzetto, é de que o sobrenome poderia ter variado de Zan Maria (João Maria no dialeto Vêneto) para mais tarde se tornar no que hoje conhecemos, sobretudo porque o dialeto Vêneto, fruto dessa miscigenação latino-bizantina, condiciona palavras terminadas em vogais para o sufixo an, on, in.

No entanto, a parte fascinante disso tudo, é que até bem pouco tempo atrás parecia impossível afirmar que os Zamarian que vivem na Argentina, França, Austrália, África, Alemanha e tantos outros lugares pertencesse a uma mesma gênese local. Tudo porque suspeita-se também de como o sobrenome possa ter sido adaptado a escrita latina (estamos falando de uma alfabeto muito diferente daquele que gerou as línguas latinas). E aqui temos um ponto crucial para toda essa retórica, já que dessa forma, pelo menos na geração latina, ou seja, aquela veneta, o sobrenome se tornou único e diferenciado.

Todas essas questões levantadas nos inspiram a Seguirmos em frente nessa fantástica odisséia, tendo em conta que a contribuição de cada componente da família tem importância fundamental para o desfecho desse trabalho, o que faz dele especial e cada vez mais inédito.