Mergulhando na onomástica da possível origem de tudo

Nossas pesquisas evoluíram de tal forma recentemente que parece ser questão de detalhes até chegarmos a origem de tudo: pelo menos no que diz respeito à Itália. O mega estudo já realizado, conforme pode-se acompanhar agora de maneira mais lenta com a publicação da árvore genealógica por gerações em conjunto com a apresentação dos documentos da área Acervo, tem provado um afunilamento para vila de Malafesta não apenas nos registros mais antigos e, dessa forma, a tese inicial de que todos os Zamarian advindos do Veneto, pertençam a mesma gênese originária. Estamos apenas na dependência da Diocese de Pordenone fornecer esses documentos iniciais para então encontrar o casal gerador de nossa história com a Itália. Posso afirmar essa expectativa com quase 90% de afirmação diante dos fatos que já apurei.

Sendo assim é natural que não apenas o meu desejo mas o de todos seja aquele de ir a fase seguinte (e praticamente definitiva). Isso já começa a aflorar nessa etapa da pesquisa e dentre os possíveis caminhos que surgiram nesse percurso, aquele da Armênia tem se mostrado o mais provável. Tenho insistido de que a própria etimologia Zamarian revela sua origem, à exemplo de outros sobrenomes europeus com características próprias que evidenciam sua proveniência. Estudos nos mostraram que o sufixo “ian” ou em armênio “յան” funciona como uma preposição indicando a origem, ou seja, no latim, como costumamos interpretar, seria o de/do/da. Um exemplo claro: José “de” Souza, ou seja, José que é oriundo do Souza, deste modo, na forma separada como seria formulado nas línguas derivadas do latim: Zamar - ian, vindo de Zamar ou oriundo do Zamar, que pode ser interpretado como um lugar, uma pessoa ou até mesmo uma profissão a exemplo do que se conhece desse tipo de estudo.

Inicialmente tentei me aprofundar na língua dedicando dois semestres para entender pelo menos o básico: o alfabeto, um pouco das palavras e sua composição. Foi uma tarefa bastante desafiadora, mesmo porque trata-se de grafias vezes diferenciadas daquelas dos idiomas oriundos do latim, embora sua forma de desenvolvimento gráfico tenha alguma semelhança, a pronúncia e a formação das palavras seguem particularmente uma fusão de dois mundos propriamente dito como já enfatizado. É preciso treinar a audição para não ser confundido com os sons de letras que para nós poderia facilmente se tratar de uma mesma fonética, mas que apenas nativos conseguiriam interpretar de maneira precisa e correta. Enquanto idiomas latinos apresentam 5 vogais, para se ter uma ideia, o armênio contém 8.

Claro que alguma cumplicidade com o latim também possui, afinal de contas é muito evidente que tenha sofrido influências e principalmente influenciado da mesma forma, conhecendo um pouco da sua história milenar. Por exemplo quando se escuta a pronúncia de gato: temos "gatou" (foneticamente interpretado). Ou ainda mãe: "mair". Porta a pronúncia seria "durr", vaca "kul" bem parecido com as línguas anglo-saxônicas.

Particularidades do idioma

Mas, dentro principalmente das línguas que tenho uma certa afinidade, são relativamente bem poucas essas semelhanças, pelo menos do vocabulário que tive contato. É interessante que algumas letras também se pareçam com as latinas, entretanto não tem absolutamente nada a ver com a fonética das mesmas: S (de maneira maiúscula), para o armênio tem o som de "D", quase um "T". Outra letra muito parecida com o alfabeto ocidental é o ա (na forma minúscula) que poderia ser facilmente interpretado como um "W", porém para a língua armênia trata-se de vogal, a primeira de seu alfabeto, com o mesmo som de "A" latino. O que parece para as línguas derivadas do latim um U maiúsculo, no armênio, foneticamente falando, tem o som e a interpretação de "S". A única letra do alfabeto armênio que se assemelha fonética e graficamente às derivadas do latim é a “O”.

Introdução ao armênio

Estamos falando de uma cultura com indícios de existência de vários milênios antes de Cristo, e de um alfabeto criado em 405 pelo monge Mesrob Mashtóts (362 – 440) que sacramentou para sempre a memória armênia e sua rica história. Enquanto as línguas derivadas do latim costumam possuir 26 caracteres, a criada por Mashtóts contém 40. Não preciso enfatizar muito que minha primeira atitude, após a familiarização com todo esse conhecimento, foi a de formar o sobrenome na sua então, ao que tudo indica, língua madre. Mesmo porque isso seria absolutamente útil para ir além na pesquisa à respeito de nossa origem.

Զ(Z) ա(a) մ(m) ա(a) ր(r) ի(i) ա(a) ն(n)

No entanto o resultado não foi o esperado. Simplesmente fiz a transliteração ZAMARIAN para uma tradução nua e crua em processo inverso, ou seja da forma como conhecemos do italiano em sua maneira mais usual para o armênio letra a letra: Զամարիան.

Em seguida joguei nos buscadores da web e advinha: os resultados idênticos aos que se buscasse com a versão latina e nenhum advindo da Armênia. Tudo bem, mas não deveria acontecer isso mesmo? Afinal é a transliteração idêntica de uma palavra para outra, em que o correto seria o processo inverso da escrita...

Como disse acima, a maior dificuldade para ouvinte de língua estrangeira é transliterar adequadamente a fonética armênia, e obviamente isso não foi um problema só para mim ou para você que começa a se familiarizar, mas principalmente pra quem deva ter redigido o primeiro documento de um armênio dentro da Itália, e aí está o segredo de tudo. Ainda confuso? Talvez se você analisar letra a letra o quadro abaixo possa entender melhor, note principalmente a coluna da pronúncia e da equivalência:

Transliteração confusa

Melhorou? Pois é, a fonética da palavra então para um italiano transliterando uma informação advinda de um armênio poderia ser interpretada de ene formas, pois algumas palavras da língua armênia, quando precisam desenvolver certos sons, não são unidas a outras como no caso das derivadas do latim, mas sim substituídas por equivalentes que fazem especificamente tal função fonética esperada.

Da mesma forma o italiano não pronuncia o Z de maneira pura, como no português, ou talvez até mesmo no espanhol e francês. Vejamos um exemplo: Pizza. Pelo menos para quem fala português seria o mesmo que ler "pisa" e não "PITZA". E assim segue para todas palavras que envolvem a letra Z na língua italiana: Piaza, cuja pronúncia é "PIATIÇÁ", mas como eles não tem o "ç" próprio do português, o Z cobre a função. Deste modo se tentarmos identificar no alfabeto armênio esse som italiano de TZA/DZA, certamente não irá nos levar ao correspondente da letra "Z" (Զ), cujo armênio pronuncia límpido e puro "ZA", como visto na tabela acima.

Entretanto, esses erros de interpretação de sobrenome tem atrapalhado não apenas nossa pesquisa, mas como podemos imaginar, vários outros casos espalhados pelo planeta em que este precioso elo histórico com a origem vai se perdendo devido ao tempo, mudança de idioma, cultura etc. Imaginemos que apenas dentro da Itália já descobrimos que o sobrenome está há pelo menos mais de 400 anos.

Recentemente recebi uma certidão de óbito de Pietro Zamarian do valoroso trabalho de buscas do primo Nestor Dias: Pietro que na redação do documento viraria "Pedro"; Zamarian que passou ser Zamariam, tirando uma característica importantíssima, como vimos na introdução desse texto, que é a identificação com a sua origem; o pai que ao invés de Natale passou a ser graficamente "Nathal".

Porém, esse detalhe até que não foi tão gritante, em outros documentos encontrados, também provenientes dessa ramificação, o sobrenome da esposa Antonia foi grosseiramente mudado para "MARCASSA", sendo que o correto é Marcos. Quero dizer que certos tipos de busca, exigem absolutamente autenticidade fiel na grafia da palavra e no caso de um no qual não tem intimidade, aqui o armênio, é quase um feito tentar decifrar com tantas derivações, pois exige uma intimidade com língua e quiçá até mesmo com a cultura para poder chegar a este objetivo.

Buscando alternativas

Praticamente impossível então desvendar essa situação? Diria que quando não se tem um documento autêntico em mãos com a grafia na sua língua de origem, se torna uma tarefa árdua, mas eis que tive uma ideia de começar a vasculhar na web, sítios exclusivamente armênios que poderiam trazer a grafia Zamarian e por sorte acabei me deparando com um governamental, cuja ocupação está relacionada com assuntos arqueológicos do país. Isto tudo porque a gráfica do sítio permitia navegar pelo conteúdo utilizando outros idiomas e dentre eles o inglês listando um dos componentes da instituição com o sobrenome ZAMARYAN.

Um achado significativo

Essa questão de utilizar o Y ou I ocorre muito, justamente porque é uma transliteração mais próxima do fiel na interpretação da língua ocidental. Um jogador de futebol famoso que atua na Roma da Itália por exemplo; seu sobrenome é transliterado como Mikhtaryan e exemplos assim temos aos milhares, porém o mais comum é realmente o emprego do I ao invés do Y.

Entretanto, nenhum problema na forma como Zamarian é interpretado e transliterado também, afinal o que importa para a pesquisa hoje é como ele é redigido na língua de origem.

Neste sítio governamental de preservação cultural e histórica do governo da Armênia, localizamos um supervisor de área de segurança indentificado como Garik Zamaryan.

Ղ(Gh) ա(a) մ(m) ա(a) ր(r) յ(y) ա(a) ն(n)

Como existia a opção de ver o mesmo nome em armênio, eis que o Zamaryan virou em sua originalidade Ղամարյան, um pouco diferente daquele Զամարիան transliterado inicialmente e que não achava, obviamente, referências dentro da Armênia.

A letra utilizada é Ղ com equivalência GH e pronúncia "ghad", que na junção com o restante da palavra forma o que para as derivadas do alfabeto latino seria GHAMARIAN. Um detalhe interessante é colocar Ղամարյան para ser pronunciado pelo Google Tradutor.

Considerações finais

Claro que é um pouco leviano dar tantos créditos à este tradutor que parece inclusive distorcer de maneira robótica a palavra, mas convenhamos que para o alfabetizado nas línguas derivadas do latim não é nenhum absurdo transliterar a fonética pronunciada como Zamarian.

Também é fato que a cultura armênia por estrategicamente ser a porta de passagem entre ocidente e oriente denote em seu próprio idioma características pertencentes aos dois mundos. Palavras que parecem ser proferidas de modo muito particular com o céu da boca fáceis de serem interpretadas de maneira adversa daquilo que realmente poderia ser.

É sempre bom lembrar também que essas, não são as únicas pistas. Nesta página em que explico sobre nossa origem, enfatizo a questão dos imigrantes armênios oriundos de Constantinopla que passaram pelos costumes nos Estados Unidos e foram identificados exatamente com a mesma grafia latina: Zamaryian. Seria muita coincidência?

Para concluir, clique aqui sobre Ղամարյան (Ghamarian) e notará que os resultados apontados pelo buscador serão muito mais ricos e com uma potencial porcentagem ligados a Armênia do que aqueles que efetivamente apontavam apenas para o mundo latino como era o caso do Զամարիան "Zamarian".

Diria que estamos muito próximos, se confirmada essa tese, de começarmos a sonhar com a origem de tudo e assim contemplarmos mais essa conquista.