Precenicco
Navegue conosco nas milenares e misteriosas águas deste lugar.
Os mistérios de Precenicco
Habitada desde a época romana, onde tem como referência base o nome de Titiano (deriva de um toponimo construtivo Titilius + sufixo), consegue sobreviver as invasões bárbaras por causa da suas características geológicas e geo morfológicas de região pantanosa e insalubre até a chegada dos lombardos.
O toponimo, que os documentos do século XII apresentam são na forma de Prissinicum e Prossenich, que derivam do latim Prece(n)nius, com a inclusão do sufixo icus.
Chiesa della Madonna della Neve
Sempre em Titiano, onde hoje é uma igrejinha existia uma hospedaria que recebia os vários viajantes que iam de Aquileia para Norico, passando por Venzone.
O primeiro centro habitado que se tem notícia está as margens do rio Stella que hoje é conhecido como Zucca.
Clicando sobre a próxima imagem, é possível fazer um tour de 360 graus no interior desta particular construção. Interessante identificar também, a armadura de um cavaleiro teutônico, que nos remete à época das Cruzadas, já que na região era comum sua presença por ser uma rota à Terra Santa.
As Ordens, Teutônica, de Malta, e a conexão com Leão II da Armênia
Em 1225, foi edificada a igreja atual e ao redor dela se desenvolveu uma urbe mais expressiva. Um fato histórico que denota a região, ocorre no dia 10 de janeiro de 1388, quando Francesco de Carrara invade com suas tropas um mosteiro e envia 28 freiras para Aquileia, saqueando e queimando a guarnição.
No século XIII, Precenicco passa a ser posse da Ordem Teutônica sendo construída ali uma hospedaria por parte dos Cavaleiros Teutônicos para acomodar peregrinos de origem alemã que tinham como destino a terra Santa. Os peregrinos de origem italiana, ao contrário, eram hospedados em Ronchis, junto a uma estrutura de igual proposta sob tutela dos Cavaleiros de Malta.
Aqui gera um primeiro vestígio que possa ter relação com o surgimento dos Zamarian no Vêneto.
Entre outros, um fato histórico dessa ordem, que existe até os dias de hoje, teve participação direta no Reino Armênio da Cilícia na dinastia do rei Leão II (1187-1219). Deste modo, a influência da ordem cristã era tamanha ao ponto de receberem terras e vilarejos para se estabelecerem na região.
Em especial, a edificação do castelo de Amouda, erigido em 1212, cuja localização está no alto de uma única rocha, com suas ruínas existentes até os dias de hoje.
Pistas que levam à confirmação da possível origem armênia
Como a etimologia do sobrenome gera fortes suspeitas de origens armênias, já averiguado a existência de pessoas com o mesmo sobrenome, principalmente advindas de Constantinopla, é possível que tenha conexão com a ordem, porém um estudo melhor e mais aprofundado à respeito se faz necessário para achar um ponto de referência e ligar os fatos.
Também com o passar do tempo, parte das posses do Patriarcado de Aquileia no século XIV, são concedidas sob forma de feudo ao conde de Gorizia Enrico II.
Zamarian e Ordem Jesuíta
Por volta de 1370, Precenicco passa para a Ordem Jesuíta, onde lá instalam um convento. E aqui uma segunda observação interessante no que diz respeito a origem dos Zamarian que pode ser também uma pista relevante: Acontece que o patriarca da Igreja Católica Afonso Mendes (1579-1659) da Companhia de Jesus (popularmente conhecida como jesuítas), publicou um catecismo em latim entitulado Bran Haymanot id est lux fidei in epithalamium aethiopissa (Bran Haymanot essa é a luz fiel no epitálamo etiópico - link).
Haymanot (1215-1313), pelo que foi levantado era um influente religioso da Etiópia e Mendes foi nomeado patriarca daquela região em 1623 pelo Papa Urbano VIII. Juntando os fatos a obra deveria tratar de um catecismo, relacionado a Haymanot voltado para casais. Aqui pode-se gerar uma trama incrível para a nossa história, mas por enquanto iremos resumir em poucos parágrafos, pois ainda é preciso interpretar as mais de 500 páginas da obra e concluir melhor a respeito.
Nessa publicação do jesuíta português, são citadas várias vezes as derivações Zamarianus, Zamariani e Zamariano, todas com suas iniciais maiúsculas dando a impressão de estar se referenciando a uma pessoa.
Mas qual seria a relação disso com a nossa história?
Em 1636, devido a conflitos com bispos ortodoxos etíopes, o patriarca foi preso e confinado aos Turcos. Dessa forma, as citações em sua obra poderiam ter alguma ligação com esse personagem, que tudo leva a crer ter origem armênia e o fato da ordem ter tido influência em Precenicco distingue uma referência importante.
Precenicco foi sem dúvida nenhuma, embora Malafesta possa parecer ser o berço da gênese Zamarian no Vêneto (pela cronologia das datas dos documentos apurados), o maior centro de registros civis da família disparado.
De todo o acervo apurado até o momento (mais de quatrocentos documentos) entre 1805-1815 (registro napoleônico) e 1860-1900 (registro civil de Udine/Venezia), 85% pertencem a Precenicco.
Essa relação portanto, entre a ordem jesuíta presente no lugar, cujo trabalho literário de Mendes cita, justamente na época em que se tem como base ser o marco zero da história da família na região, agrega muitos fatores para se acreditar em tal tese.
Entre outros pode-se explicar também uma grande presença de sobrenomes de origem portuguesa na região, dos quais muitos desses relacionados a matrimônios com componentes da família Zamarian.
Por muito tempo, Precenicco foi alvo de disputa dos condes gorizianos e outros potentes senhores feudais friulanos, entre esses, o patriarcado.
Na primeira metade do século XV acaba nas mãos da Senhoria de Venezia, juntamente com o resto do Friuli. Com o declínio da Serenissima, próximo do final do século XVIII, tem uma parêntese de domínio francês-austríaco.
Com o reino da Itália em 1866, logo após a primeira guerra mundial foi alvo de uma vasta obra de recuperação do terreno devido ao fenômeno de bradissismo, na qual havia amplamente sido invadida pela lagoa.
O fenômeno afundou o terreno por volta de 1400 e muitas áreas haviam sido recobertas pela laguna que eram conhecidas como canal de Acqua Bona.